10 coisas que um músico não deve fazer na liturgia
Por
Luis Felipe Barbedo
Virou uma febre nas
redes sociais os textos em formato de listas. Parece ser uma metodologia
bem didática e bastante apropriada para o rápido ambiente virtual.
Resolvi então aderir à moda e exercitar essa maneira diferente de
escrever aproveitando um tema bastante comum e que costuma gerar tantos
problemas na nossa igreja. Não sou um especialista
em liturgia, mas ao longo da minha caminhada, estudando, praticando e
vendo outros grupos de música acho que aprendi pelo menos essas coisas…
1) Vestir-se inadequadamente
Palco é palco, altar é altar. É comum que um artista faça do
seu próprio corpo uma extensão da sua expressão; no entanto, a liturgia
não é um lugar de expressar sua individualidade a ponto
de roubar a atenção do principal: o mistério que está sendo celebrado
no altar. Atualmente as equipes de música vêm ocupando lugares no templo
bastante destacados (ao contrário de quando escondiam-se nos “coros”),
muitas vezes ao lado do altar. A preparação, portanto, deve começar
quando você abre o seu armário e escolhe a sua roupa. Sobriedade e
discrição são a norma.
2) Chegar em cima da hora
Tocar e cantar numa missa são responsabilidades
muito grandes e muita coisa pode dar errado: um cabo que resolve chiar
assim que se liga, uma bateria do violão que precisa ser trocada, uma
extensão de força que não está no armário como deveria estar (“quem foi
que usou por último, hein??”). Sendo assim, os músicos devem chegar a
tempo suficiente de deixar tudo perfeitamente preparado para quando a
missa começar, para não ter que cometer o abuso de afinar o violão
somente durante a primeira leitura.
3) Cantar e tocar sem ensaio
Se com ensaio a quantidade de erros que vemos numa celebração já é enorme quanto mais sem ensaiar…
É bom que todo grupo de música tenha um repertório básico ensaiado para
qualquer situação e que ensaie uma ou outra música específica para
aquela celebração, seja por uma solicitação do celebrante, seja por uma
exigência litúrgica.
4) Substituir os cantos do ordinário por outras músicas quaisquer
Momentos específicos da liturgia como o Ato Penitencial (Kyrie),
Gloria, Santo (Sanctus) e o Cordeiro (Agnus Dei) são parte integrante da
celebração. Da mesma forma que o padre não pode substituir a Oração
Eucarística por uma outra oração qualquer, se esses momentos da missa
forem cantados, a letra deve respeitar as fórmulas prescritas pela
Instrução Geral do Missal Romano. Essa inclusive é uma ótima
oportunidade para estimular os compositores da paróquia a fazerem novas
melodias para esses momentos.
5) Escolher as músicas sem ler as leituras do dia
A liturgia não é uma audição onde você escolhe as músicas que melhor
se adequam à sua voz ou a que o guitarrista tirou o solo “igualzinho ao
do CD”. As músicas devem ser escolhidas de acordo com o que está sendo
celebrado naquele dia, levando-se em conta as leituras do dia e o tempo
litúrgico. Ao preparar-se para a liturgia, faça uma lectio divina com as passagens que serão lidas e somente a partir daí escolha as músicas do dia.
6) Fazer firulas vocais e instrumentais excessivas
Sim, você sabe cantar. Sim, as pessoas sabem disso. Sim, você não
precisa sambar na cara da sociedade quando cantar aquela música que
parece que foi feita para você. Você está lá para ajudar as pessoas a
cantar, não para cantar no lugar delas. Há cantores que atrapalham mais
do que ajudam quando cantam, usando divisões rítmicas diferentes, tons
inadequados para a assembleia e que quando acabam só falta o povo
levantar e aplaudir. Menos, queridos, menos.
7) Conversar durante a celebração
Na verdade, essa recomendação não se restringe somente aos músicos,
mas a qualquer membro da assembleia e é uma questão de educação. No
entanto, faço questão de colocá-la aqui porque há músicos que passam a
missa inteira discutindo sobre o CD novo do artista X e o clip novo da
cantora Y e não dão a mínima para a celebração. Isso quando não resolvem
sair para bater papo durante a homilia… Sem comentários.
8) Fazer introduções e solos intermináveis
Não existe nada mais irritante na música litúrgica quando a música
leva mais de um minuto para começar a cantar. Você NÃO PRECISA tocar
exatamente igual ao que está no CD. Os arranjos de um CD são feitos com
outras finalidades, nem sempre adequadas à liturgia. Portanto, ao
iniciar uma música, pode mandar dois compassos no tom e na levada
corretos e meta bronca!
9) Músicas desconhecidas
“Pô a banda X tem uma música linda que tem tudo a ver com o evangelho
de hoje…” Sim, querido, mas eles vão cantá-la? Então sinto muito. Se
você tiver tempo para ensinar as pessoas a cantarem a música antes da
celebração, ótimo, se não, deixe-a para ouvir em casa na sua oração
pessoal. As pessoas precisam participar da missa e não assistir a um
espetáculo seu.
10) Não conhecer liturgia
Toda pessoa que se presta a qualquer serviço precisa ter um mínimo de
formação na área. Se você não sabe fazer um lá menor no violão, você
vai querer pegar para tocar na missa? Então por que você acha que pode
tocar numa missa sem sequer saber do que se trata o que está acontecendo
ali? Procure livros sobre o assunto, sites confiáveis, documentos da
Igreja. Ao assumir um serviço para Deus você tem a obrigação de fazer
bem feito e isso inclui conhecer em profundidade o mistério que está
sendo celebrado e ao qual você diz servir.
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