Quando o equipamento é o limite.
Por João Carlos Nascimento
Escolher o equipamento certo para a sua atividade musical é
um dos desafios mais difíceis para a maioria dos músicos que tenho contato.
Sim, porque o talento musical a esta altura já foi devidamente lapidado e nem
todos tem disposição e tempo para se dedicar a tarefa de conhecer e dimensionar
equipamentos. Qual o microfone que devo
usar? Quantas caixas eu preciso para este ambiente? Uso efeito interno da mesa
ou um externo?
Um consultor responderá estas perguntas com uma audição
crítica do seu trabalho e uma pergunta: Onde você se apresentará?
O ambiente em que você se apresentará e o seu estilo responderão
as suas perguntas.
Vamos tomar como exemplo uma dupla com violão, duas vozes e Cajon,
tocando em média duas vezes por semana em barzinho. Uma vez por mês toca em
festa comunitária em grande ambiente.
Começamos pelos Instrumentos: o violão deve ter boa captação
e boa reposta de graves. O Cajon deve ter uma boa resposta acústica dos graves
e microfonação embutida. Mesmo que
muitos discordam, a voz também é um instrumento, e caro, não há dinheiro que permita
comprar e nem está disponível nas lojas, portanto, sua captação tem de ser
impecável. O microfone tem de ser de boa para ótima qualidade, não precisa ser
de “marca”, tem de ser bom. Desta forma a primeira etapa do som está
especificada. E esta parte vai com você para onde for garantindo sempre a mesma
qualidade.
A seguir vem o tratamento dos sinais captados. O principal
elemento é a mesa de som. No mercado encontrados modelos para os mais diversos
ouvidos e bolsos. Ficamos aqui no meio termo, numa boa relação custo/benefício.
Para o nosso exemplo uma com boa qualidade, com no mínimo 4 canais de
microfone, processador interno de efeitos e se possível um equalizador gráfico
incorporado. Assim economizamos nos periféricos. Neste bloco vamos incluir os
cabos, de qualidade e específicos, cabo de microfone para microfones e de
instrumento para instrumentos.
Já captamos os sinais e os tratamos. Agora vamos amplifica-los.
E é neste momento que vem a dúvida do que adquirir. Compro um conjunto de
caixas maior para atender todos os ambientes que toco ou um menor somente para
a maioria dos trabalhos. Os nossos músicos tocam em média 8 vezes por mês em
pequenos ambientes e somente 1 em grandes espaços. A minha recomendação é de
que se invista em um conjunto de caixas para pequenos ambientes e quando for
tocar num espaço maior alugue as caixas e amplificadores e repasse o custo para
o contratante. Com esta opção você pode investir mais em instrumentos, mesa,
microfones e cabos, o que garante uma ótima qualidade nos seus trabalhos (além
do seu talento, é claro). Outro argumento a favor de não se investir em caixas
para grandes ambientes, é que na maioria, para não dizer na totalidade, dos
casos, o músico não consegue cobrar mais por estar levando um equipamento
maior. E assim, não vai ter retorno do seu investimento.
Alguns músicos investem em equipamentos grandes para os pequenos
ambientes e não grandes suficientes para espaços maiores. No barzinho
desagradam por colocar um som alto, com distribuição irregular do volume e sem
qualidade. No espaço grande não tem volume suficiente para atender toda a plateia,
colocam o equipamento a operar no seu limite introduzindo desagradáveis
distorções. Acabam colocando o seu talento em segundo plano.
Portanto, invista o seu suado dinheiro no que lhe traz mais
retorno, não deixe o ego interferir. Seja sensato no momento da aquisição, o
que mais desvaloriza é equipamento de áudio de segunda mão. Aproveite e leia
aqui mesmo o artigo: Consultor de áudio, pra quê?
Você pode tirar suas dúvidas, me mande um e-mail.
joaocarlosrdonascimento@gmail.com